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Inovação no Setor Público, é possível?

Em entrevista ao ATOPP News, o Economista, Professor e Pesquisador Rogélio Gerônimo dos Santos aborda temas como tecnologias, transformações e liderança no Setor Público.

Quais as perspectivas para o ambiente corporativo e também para a administração pública com as diversas reformas que estão se desenhando no cenário brasileiro?

Vejo que está ocorrendo mudanças significativas na gestão pública no Brasil. Precisamos de uma reforma administrativa mais contundente que desafogue as finanças da União, dos estados e dos municípios. No ambiente funcional da administração direta, acredito que irão ocorrer transformações no intuito de mudar o perfil do funcionalismo. Vislumbro as carreiras de técnicos sendo substituídas por servidores pertencentes às carreiras de Estado. Este cenário é muito bom para os alunos dos cursos direcionados à gestão pública, à contabilidade, ao controle, ao compliance, ao direito e à economia. No país, tivemos alguns avanços estruturais, como, por exemplo, a aprovação da reforma trabalhista que flexibilizou as relações contratuais entre empregados e empregadores. Tivemos, também, a aprovação da reforma previdenciária que estendeu a idade mínima para aposentadoria. E vislumbro, ainda, um cenário adequado para realizar a reforma tributária no sentido de deixar as regras menos complexas e confusas. Todas essas reformas terão, sem dúvidas, impactos no ambiente corporativo e na administração pública.

O papel de um Administrador em empresas privadas é guiar a organização rumo ao sucesso almejado, gerenciando-a e tendo como base o planejamento. Em vista disso, podemos afirmar que um dos problemas do poder público brasileiro é a ausência de Administradores assumindo papéis de gestores?

Acredito que um dos maiores problemas da administração pública é a falta de profissionais com comprometimento, na mesma intensidade daqueles que atuam no mundo corporativo. O que contribui para este cenário é a questão da estabilidade do funcionalismo público e a forma de avalição de desempenho dos servidores. Esta, completamente inócua, em virtude do forte corporativismo da classe. Outra forma, que acredito contribuir, de forma negativa, porém, de intensidade expressiva nos resultados que se almeja atingir no setor público é o processo de seleção, comumente utilizado no Brasil. Não sou contra a seleção através de concursos públicos. Posiciono-me contrário aos métodos utilizados na seleção. Defendo a obrigação de realizar processo de seleção que considere a vida pregressa do candidato à vaga, como, por exemplo, o conhecimento das atividades anteriormente desenvolvidas, que tenha relação ao cargo em que está sendo contratado. Não é simples realizar isto na prática, em virtude da linha tênue entre cumprir ou descumprir o princípio da impessoalidade, um dos pilares da administração pública. Depois de cumpridas estas fases, devemos pensar na elaboração e execução de políticas públicas capazes de provocar resultados reais à população usuária de serviços públicos. Mas não direcionadas a apenas uma parcela da sociedade, acredito que os serviços podem ser ofertados de forma universal, com equidade.

Leia na íntegra: bit.ly/atoppnews2